As trezentas famílias que haviam marcado terreno em uma invasão na divisa do Conjunto Habitacional com o bairro Doutor Eduardo, em Caratinga, se retiraram do local. A desocupação se deu após negociação com o prefeito Wellington Moreira.
A ocupação teve início em setembro de 2017 quando o loteamento já estava embargado pela Justiça. O terreno tinha sido negociado pela prefeitura durante a administração do ex-prefeito João Bosco Pessine, mas a Câmara Municipal questionou o valor que seria pago, julgando ser acima do valor de mercado. Os vereadores também suspeitaram das obras de infraestrutura, contratadas sem licitação. Uma ação foi ajuizada e, desde então, o projeto de construção de casas populares está parado.
De acordo com o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Dr. Eduardo e da Associação dos Sem Casa de Caratinga, João Lourenço, o “João Cabeção”, esta foi uma decisão da maioria das famílias.
As casas populares que podem ser liberadas para Caratinga deverão ser construídas perto da ocupação conhecida como “Portelinha”, na saída da sede de Caratinga para o distrito de Dom Lara. Segundo “João Cabeção”, este projeto já deveria ter saído do papel há muito tempo.
Ele destaca que foi dado um voto de confiança ao prefeito.
“João Cabeção” lembra que a ocupação sempre foi pacífica e alerta os oportunistas que costumam se infiltrar em movimentos do gênero para levar vantagem.
A Associação dos Sem Casa tem cadastradas trezentas famílias, mas acredita-se que cerca de duzentas e vinte se enquadrem no perfil exigido para terem acesso à moradia popular.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Caratinga expediu nota nesta sexta, acerca da reunião do prefeito Wellington Moreira e o Movimento dos Sem Casa, para tratar da ocupação do terreno destinado à construção de casas populares no bairro Santa Cruz. De acordo com a nota foram apresentados os motivos pelos quais é aconselhada a desocupação, considerando que a utilização do terreno está sub judice, a partir de uma ação de reintegração de posse movida pelo proprietário Márcio Lúcio Magalhães.
Na mesma reunião, ainda segundo a nota, o prefeito também falou sobre o programa dos conjuntos habitacionais que vem sendo trabalhado desde o ano passado e cujas etapas já foram cumpridas e aprovadas. Na última semana, o prefeito foi a Brasília para tratar das últimas questões que competem ao município, faltando somente a liberação do contrato por meio do Ministério das Cidades. Quando o processo for liberado, mais de novecentas casas deverão ser construídas, segundo o poder executivo.
A prefeitura reiterou que foi solicitado ao presidente da associação, “João Cabeção”, a relação das famílias que participaram da reunião e que haviam aderido à desocupação para que sejam adicionadas ao cadastramento
Fotos: Diário de Caratinga