O prefeito de Ubaporanga Gilmar de Assis Rodrigues deverá permanecer preso preventivamente no Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, até ser levado a julgamento, perante o Tribunal do Júri, em data ainda não definida. Gilmar é acusado de tentar matar o vereador de Ubaporanga Jorge Siqueira de Rezende, Jorginho, no dia 20 de maio deste ano.
O juiz da Comarca de Caratinga Cleiton Luis Chiodi acatou denúncia do Ministério Público que apresentou todas as informações colhidas até o momento sobre o episódio. O magistrado também negou foro especial, argumentando que o fato do suposto ofensor e o suposto ofendido ocuparem cargos políticos no município não torna a conduta exclusivamente relacionada às funções desempenhadas. Reiterou, ainda, a necessidade da prisão preventiva como medida cautelar extrema para resguardar a ordem pública.
O vereador Jorge Siqueira disse nos autos que acusou o prefeito Gilmar de corrupção na tribuna da Câmara e, após as denúncias, foi alertado de que deveria tomar cuidado. No dia da suposta tentativa de homicídio, Jorginho soube que os irmãos de Gilmar chegaram a Ubaporanga e estavam procurando por ele. O vereador afirma ter recebido uma ligação e mensagem no intuito de atrai-lo e, por cautela, ligou para a esposa para saber se havia alguém suspeito próximo à sua casa. Jorginho retornava de Inhapim e se deparou com o prefeito na entrada da cidade, na direção de uma caminhonete Fiat Toro da prefeitura. A partir daquele ponto foi seguido pelo prefeito. Ao parar o carro próximo a um bar, os irmãos do acusado e um outro indivíduo o abordaram, dizendo que precisavam acertar as contas. O prefeito parou atrás, lhe “fechando”. Quando os supostos agressores forçaram entrada no carro, a vítima acelerou e a perseguição teve sequência, com o prefeito na caminhonete e os demais em uma Ford Ranger. Após se desvencilhar dos veículos, o vereador conseguiu acessar a BR-116 em direção a Caratinga. O acusado continuou a perseguição até um ponto em que foram feitos disparos de arma de fogo a uma distância aproximada de vinte metros, segundo a vítima. Apesar dos disparos, Jorginho conseguiu empreender fuga e chegar à delegacia de Caratinga
Os fatos narrados pela vítima, que ocorreram no centro de Ubaporanga, foram comprovados por meio de câmeras de segurança verificadas pela polícia civil. A perícia também concluiu que o dano no capô da Fiat Toro é compatível com disparo de arma de fogo, sendo a hipótese mais provável que o disparo tenha sido efetuado pela janela do motorista.
O promotor de Justiça Jorge Cunha qualificou o crime como um ato típico dos tempos de coronelismo.
A defesa alega que o prefeito Gilmar de Assis disparou a arma de fogo em via pública sem a intenção de acertar o vereador. O próprio prefeito assumiu que pretendia tirar uma satisfação e defendeu os irmãos, falando à Rádio Cidade antes de ser preso.
O vice-prefeito Arcelito Valeriano da Silva, Neneco, responde pela Prefeitura de Ubaporanga.